Era o ano de 2013 quando um casal de médicos residente em Garanhuns, agreste pernambucano, tinha acabado de adquirir um pequeno terreno na zona rural do município e despretensiosamente se inscreveram em um curso básico de vinhos oferecido por um restaurante local. Ao término do pequeno curso ficaram tão encantados com a arte da produção de vinhos que tiveram a idéia de transformar a recente área adquirida em uma plantação de uvas viníferas.  Iniciaram então  uma longa jornada de estudo e pesquisa que culminou com a ida deles até Petrolina para se certificarem da viabilidade técnica para um novo terroir na chapada da Borborema. A intenção inicial era criar uma área experimental nesta propriedade. O clima ameno e uma amplitude térmica diária que pode chegar aos 20 graus animou o casal a se aventurar num tema ainda  pouco familiar para eles. A EMBRAPA Semi-árido foi o ponto de partida e após conhecerem algumas vinícolas locais com um grupo de pesquisadores da instituição, ao término do dia já tinham a certeza de que estavam no caminho certo e voltaram de Petrolina ainda mais encantados com a atividade e o que ela poderia trazer de transformação para a região que moravam. Garanhuns é uma cidade com forte apelo  turístico principalmente  pelo clima, pelas belezas naturais e por traços culturais marcantes seja nas artes, seja em eventos consolidados que atraem grande público para a região. Sabiam que o pioneirismo de um projeto desta envergadura tinha riscos por se tratar de uma cultura nova em uma região onde nunca se ousou o plantio. Mas tudo estava a favor da idéia e, ainda em Petrolina, tomaram conhecimento de um projeto de pesquisa que seria desenvolvido em parceria entre a EMBRAPA, UFAPE e o Instituto de pesquisa agrônomica de Pernambuco, IPA, para justamente se pesquisar variedades vitiviníferas na microrregião de Garanhuns. O casal então acompanhou todo o projeto de pesquisa, desde a implantação até o resultado final, sendo estes estudos preliminares a base para a implantação do primeiro projeto vitivinícola do agreste pernambucano e de todo o planalto da Borborema.  O plantio teve início em agosto de 2018 abrangendo uma área de 3,5 hectares com as variedades Cabernet sauvignon, malbec e Muscat Petit Grain.  A Vinícola Vale da Colinas abriu suas portas para o enoturismo em novembro de 2020, adotando o conceito de vinícola boutique, com produção em pequena escala, colheita manual das uvas e primando sempre pela qualidade em nossos vinhos.  O Vale das colinas hoje é uma realidade, se tornando um dos mais novos terroir brasileiros, gerando empregos e incrementando substancialmente toda a cadeia do turismo na região. Nosso compromisso acadêmico é uma marca e hoje oferecemos estágio e residência agronômica em parceria com a UFAPE e o Ministério da Agricultura, além de fomentarmos pesquisas e defesas de teses. Hoje todo o processo de vinificação é realizado  em nossa cantina, com área de plantio atualmente chegando a quinze hectares. Destinamos vinte por cento de nossa área total para preservação ambiental, com o plantio de mais de três mil árvores nativas ao longo dos anos. Adotamos boas práticas agronômicas, como adubação orgânica e utilização de compostagem, tratamento de águas para reuso e utilização de biodigestores. E o futuro? Brindemos ao futuro